Quais as perspectivas para o agronegócio?
Por Ana Paula Cenci e Luciana Lacerda – sócias da ImPlantar Institucional
O primeiro turno das eleições passou e com ele ficou no ar um sentimento de “não foi suficiente”.
Como assim? A gente explica!
Não foi suficiente o número de votos para os candidatos denominados de “terceira via” e que buscavam tirar o Brasil do caminho da polarização entre o bem X mal, extrema esquerda X extrema direita, e assim sucessivamente. Também não foi suficiente o esforço dos dois candidatos mais bem votados para levarem a presidência no primeiro turno, mesmo com pesquisas apontando para essa possibilidade em alguns cenários. Aliás, também não foram suficientes as pesquisas e metodologias para prever os resultados divergentes que as urnas apresentaram. Por fim, não foram suficientes as campanhas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da mídia sobre a importância do voto, uma vez que ainda temos mais de 31 milhões de eleitores que optaram ou não puderam votar, e isso representa incríveis 20% do eleitorado (volume que poderia ter alterado significativamente os resultados para quaisquer cargos).
Enfim, não foi suficiente, mas e agora?
Agora no segundo turno, tanto para governos estaduais como para a presidência, o sentimento é de trabalho, arregaçar as mangas e conquistar votos, é quase um sentimento de vida ou morte, para qualquer um dos lados.
Sim, estamos em uma eleição de ânimos, paixões e ideologias afloradas, sentimentos que mexem com o nosso humano e que fazem as pessoas se mexerem, fica a pergunta, será que esse sentimento vai mover algum dos 31 milhões que não votaram e reduzir esse percentual no dia 30 de outubro?
Esperamos que sim! Como citamos em nosso artigo de setembro “O dever do voto consciente”, as eleições são o caminho para fazer as mudanças que queremos para o país e para o agronegócio.
Mas vamos ao que interessa para nós que trabalhamos no incrível setor do agronegócio brasileiro. Como fica nosso setor politicamente em 2023?
A resposta: sem dúvidas temos um Congresso mais agro e uma Bancada Ruralista mais forte, mas o tom das políticas públicas para o setor que serão votadas e aprovadas nos próximos 4 anos ainda está indefinido e depende consideravelmente do presidente eleito.
Sem dúvidas o setor agrícola brasileiro saiu fortalecido dessas eleições, nos últimos 4 anos de governo a bancada ruralista ganhou mais notoriedade na mídia, conseguindo mostrar que o agro é tudo, desde o pequeno agricultor e assentado até o grande produtor exportador de commodities e, ambos, precisam de melhorias na legislação trabalhista, ambiental, de regularização fundiária e de recursos para continuar alimentando o país e o mundo. Todas essas conquistas refletiram nas urnas!
Segundo levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA, a Frente Parlamentar da Agropecuária conseguiu reeleger 52% de seus membros, 6 deles no Senado, casa que em geral as pautas do agro têm mais dificuldade de avançar pelo fato dos senadores não conhecerem do setor, o que exige maior debate e argumentação científica por parte das entidades que sustentam tecnicamente as pautas do agro.
Outro dado interessante apontado no levantamento (colocamos o material em um post do nosso Linked In) é que 91 dos parlamentares eleitos são produtores rurais, desses 57 foram reeleitos e 34 são novas caras que vão defender as pautas do setor e de seus municípios e estados.
O que esses dados nos trazem?
Com toda certeza mostram que o agro tem se fortalecido perante a sociedade como um todo, as pessoas começam a ver que não estamos contra os brasileiros e o mundo, mas sim que somos a chave para a segurança alimentar e ambiental de todos.
Mas e em termos de governo? Como já falamos, DEPENDE.
Caso o presidente Jair Bolsonaro seja reeleito, teremos uma maior base aliada no Congresso, seu partido foi o mais votado, e a Bancada Ruralista já declarou seu apoio a ele, o que sinaliza que haverá um canal de diálogo mais aberto para negociar as demandas do setor com os demais setores que o governo precisa defender e também atender com recursos, como saúde, segurança pública e educação.
E se o Lula ganhar? Nesse caso podemos ter uma alteração nas diretrizes gerais do que o país pretende sinalizar economicamente e internacionalmente com o agronegócio. Teremos mudança de Ministros e pautas que hoje são de interesse do setor e que estão no Senado devem passar por nova rodada de debates, já que o posicionamento do governo federal sobre o assunto pode sofrer alterações, isso retardaria algumas votações que avançaram nos últimos anos.
Enfim, quando muda um governo, naturalmente mudam as bandeiras e algumas linhas de atuação e negociação, isso vai levar a Bancada Ruralista e entidades do setor a rever suas estratégias e reforçar seus argumentos.
Qual dos dois é melhor? Deixamos essa reflexão para vocês, e esperamos que ela seja feita com muita pesquisa, independente de ideologias.
Para nós da ImPlantar não muda nada, continuaremos aqui em Brasília, trabalhando por vocês e pelo agro com qualquer governo que seja eleito a fim de trazer melhorias para o setor e para o país!