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O APAGAR DAS LUZES DE TEMER
O APAGAR DAS LUZES DE TEMER
Por Ana Paula Cenci e Luciana Lacerda – sócias diretoras da ImPlantar
Como está se despedindo o presidente com a maior reprovação da história?
Michel Temer mantém nos últimos dias de seu governo o mesmo ar de dever cumprido e de confiança que tinha em 2016, quando assumiu o poder. Segundo ele, seu mandato levou o país ao início de sua recuperação econômica e se tornou uma ponte segura para o futuro mandato de Bolsonaro. Mas será mesmo que ele trouxe a ascensão econômica que o Brasil precisa?
Fato é que em pouco mais de dois anos Temer obteve conquistas importantes para o realinhamento do Brasil, o que agradou especialmente o empresariado e os investidores. Dentre as conquistas podemos citar a redução da taxa de juros de 14,25% para 6,5% – situação que beneficiou o setor agropecuário no crédito agrícola e refletiu nas taxas praticadas pelo Plano Agrícola e Pecuário do Ministério da Agricultura que tiveram queda de 1,5%. Temer também realizou reformas importantes e impopulares como o controle de gastos públicos, apelidado de “PEC do Teto de Gastos”, e a reforma trabalhista, importantíssima para os empregadores que pagam inúmeros encargos trabalhistas.
Ainda na esfera trabalhista, o atual presidente foi primordial para o fortalecimento do campo. Isso porque a liberação da terceirização para atividades-fim abriu possibilidades importantes para o setor agropecuário, especialmente na contratação de empregos temporários conhecido popularmente como safristas. Muitas vezes quem vive na cidade não sabe o que é um safrista e você, sabe? Os safristas podem ser contratados para diversas funções, entre elas auxiliar na aplicação de defensivos, contribuir na colheita de frutas e hortaliças, conduzir tratores, ou até mesmo atuarem como profissionais de reprodução animal, entre outros. Ou seja, a lei veio ao encontro dos anseios do campo: dando maior agilidade nas contratações e menor custo e burocracia, pois não são atividades permanentes e com isso há necessidade de uma norma que auxilie nos serviços sazonais.
Em contrapartida, as necessárias reformas da previdência e tributária não avançaram. Reflexo claro da impopularidade que Temer conquistou ao longo de seu mandato. As mensagens com “Fora Temer” dominaram as avenidas brasileiras e mostravam a indignação de uma nação. Nação que apresentou na pesquisa Ibope de setembro de 2018, que o presidente detinha a marca de 82% de reprovação. Este foi o pior índice de um presidente desde 1986, quando iniciaram a pesquisa.
A dificuldade para aprovar medidas ou justificar suas ações foi caindo em virtude de diversos fatores, dentre eles os escândalos de corrupção envolvendo o próprio Temer e sua equipe. No início do seu mandato Temer contou com dois tipos de apoiadores: aqueles que não queriam mais a presidente Dilma e com outros que simplesmente tinham esperança de um Brasil melhor. Hoje, às vésperas de encerrar seu mandato, o vice de Dilma irá entregar a faixa presidencial praticamente sem apoio nenhum. Nas eleições de 2018, as urnas confirmaram a sua impopularidade mais uma vez, pois seu candidato à sucessão, Henrique Meirelles, nem sequer alcançou os 2% dos votos. Resultado claro: nós brasileiros estamos cansados da chamada “política tradicional”!
Diante da falta de apoio Temer segue na serenidade e diplomacia que sempre teve como excelente articulador político que é. Mostrou-se cordial a equipe de transição de Bolsonaro, mas com certeza pensando no futuro – manter-se na base aliada, tradição de seu partido, o MDB. Dessa forma, o atual presidente toma atitudes aliadas e articuladas com os anseios do próximo presidente.
No seu apagar das luzes que seguia brando e sem grandes emoções surgiu mais uma intervenção federal no estado de Roraima, o que deve lhe ocupar a agenda até a sua despedida. Sim, o próprio vice de Dilma afirmou à revista Época de novembro deste ano que se sente orgulhoso de seu trabalho a frente do país e, acredite se quiser, ele tem plena convicção que muitas de suas conquistas não seriam alcançadas com alta popularidade. Saudades do Planalto? Temer disse que não vai sentir, pois pretende retomar seus trabalhos como advogado e dedicar-se mais a família.
Se estar junto aos vencedores é um desejo comum de muitos políticos, os elogios que Temer recebeu vieram sem grande divulgação, afinal ninguém quer sua imagem associada com o atual presidente. No final das contas, ele deve enfrentar os tribunais de ambos os lados nos próximos anos – como advogado e como réu das inúmeras ações que conseguiu evitar enquanto estava no posto mais alto do país.
Temer trouxe conquistas importantes para o Brasil, mas a população não quer mais “a política que rouba, mas faz”. A esperança dos brasileiros está depositada agora em Bolsonaro, que ao contrário de seu antecessor tem uma considerável aprovação e apoio popular. Além disso, se elegeu dizendo representar a nova política, sem favores e sem dever nada a ninguém. Vamos esperar para ver se o apoio popular aliado a nova forma de governar serão suficientes para reduzir privilégios e aprovar as reformas.
A ImPlantar apaga as luzes em 2018 com o sentimento que o Agro ainda tem muito a construir no cenário político e por isso vamos começar 2019 com foco e estratégia para continuar trazendo a voz do campo até Brasília!
Nosso propósito continua: trabalhar para o agronegócio e para você produtor rural!
Boa sorte ao Brasil e vamos em frente!