Implantando ideias para colher resultados
E VOCÊ, JÁ ESCOLHEU EM QUEM VOTAR?
Por Ana Paula Cenci e Luciana Lacerda – sócias diretoras da ImPlantar
Muita gente se perguntando, “porque o agro apoia candidatos como esse”?
A democracia e a soberania do povo estão gerando sentimentos acalorados! Noticiários, mídias sociais, grupos de WhatsApp – todos só falam de um assunto: Eleição 2018. Situação que não é diferente nos grupos do agronegócio.
Conhecido popularmente por ser o grande sustentáculo do país diante da instabilidade econômica que vivemos, com mais intensidade, desde 2014 – o agronegócio brasileiro contribuiu com 23,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2017, a maior participação em 13 anos, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Dessa forma fica impossível negligenciar esse setor e por isso ele passou a ser incorporado nas pautas de governo, tanto para as eleições presidenciais, como para as estaduais.
Situação que gera terror para alguns e alegrai a outros! Pois os candidatos que o agro apoia podem conseguir o tão almejado cargo público, devido a dimensão e importância que o setor tem.
A ImPlantar Assessoria Institucional propõe, nesta edição de seus artigos, fazer uma breve análise de cada candidato à presidência no que tange a temas de interesse do campo brasileiro. Ou seja, aqui vamos falar das propostas para o Agronegócio de cada um deles, mas com certeza os presidenciáveis têm inúmeras pautas além do setor agropecuário, ok?!
Estão registrados hoje no Tribunal Superior Eleitora treze candidaturas à Presidência da República, em ordem alfabética são eles (as): Álvaro Dias e Paulo Rabello (Podemos); Cabo Daciolo e Professora Suelene Balduino (Patriota); Ciro Gomes e Kátia Abreu (PDT); Eymael e Helvio Costa (Democracia Cristã); Fernando Haddad e Manoela D´Ávila(PT); Geraldo Alckmin e Ana Amélia Lemos (PSDB); Guilherme Boulos e Sonia Guajajara (PSOL); Henrique Meirelles e Germano Rigotto (MDB); Jair Bolsonaro e General Mourão (PSL); João Amoedo e Professor Christian (Novo); João Goulart Filho e Léo Alves (PPL); Marina Silva e Eduardo Jorge (REDE) e Vera Lucia e Hertz (PSTU).
Com todo esse leque de possibilidades a eleição 2018 se torna a mais disputada desde 1989, mas apenas cinco deles aparecem com percentuais de intenção de votos relevante nas últimas pesquisas eleitorais. É sobre eles que vamos nos ater: PDT, PT, PSDB, PSL e REDE. Já os presidenciáveis Álvaro Dias, Henrique Meireles e João Amoedo estão com menos de 5% das intenções de voto (de acordo com a pesquisa do Ibope divulgada 24 de setembro) dessa forma, as chances de chegarem a um segundo turno são baixas. Todavia suas propostas merecer ser citadas uma vez que defendem medidas que contemplam o setor agrícola.
Álvaro Dias: dentre outros pontos de seu plano de governo, defende o “Planeta Agro” com segurança no campo através da reintegração de posse sumária, o que parece um sonho para produtores que possuíram suas casas invadidas. O presidenciável também aposta nos investimentos em seguro rural e armazenagem, defesa vegetal e animal e em um projeto de ferrovias para escoar a produção. A última pauta vem a calhar após a polêmica Tabela de Fretes lançada pelo atual governo como a solução para a paralização dos caminhoneiros. Dias tem a simpatia do setor, especialmente na região sul do Brasil, por sua experiência como governador do Paraná e defensor do segmento no Senado em pautas importantes.
Henrique Meirelles: é o candidato da economia. Acredita que seu governo será capaz de garantir a retomada do crescimento econômico com taxas de juros e inflação adequadas para os setores produtivos voltarem a gerar renda e emprego. No caso do agro esta pauta agrada especialmente aos exportadores. Em outros aspectos mais ligados ao campo o presidenciável propõe o investimento em infraestrutura e logística para aumentar a competitividade agrícola. Além disso, defende o reforço da segurança no campo e a expansão da telefonia celular, além de financiamento, inovação e expansão dos projetos de pequenos irrigantes. No geral, Meirelles não deve ganhar grandes votos do setor agrícola apesar de ter gerado bons resultados econômicos quando participou dos governos Lula e Temer.
João Amoedo: tem como grande atrativo para o setor o seu vice na chapa. O Professor Christian já trabalhou em multinacionais e entidades da área agrícola e atualmente é membro da diretoria da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). Dentre as propostas da chapa encontram-se o combate à ocupação ilegal das propriedades, regularização das terras, liberação de terras para estrangeiros, infraestrutura para escoamento da produção, crédito e seguro rural com capitalização privada e a modernização do sistema de defesa sanitário animal e vegetal. Um sonho para a economia agrícola que daria saltos ainda maiores em competitividade internacional, segurança jurídica, investimentos e produtividade. Porém, o NOVO ainda é muito novo para um embate presidencial e deve crescer nas próximas eleições.
Nas cinco principais chapas na corrida eleitoral iniciaremos nossa análise por ordem alfabética.
Ciro Gomes: traz Kátia Abreu como vínculo com o setor a fim de ganhar a simpatia de alguns. No entanto, sua vice ganhou a antipatia dos produtores após sua defesa de Dilma Roussef no processo de impeachment, o que a tirou inclusive da presidência da CNA onde teve amplo apoio das Federações na sua primeira candidatura. Ciro promete um crescimento econômico de 5%, reforma da Previdência, ajustes ficais e tributários e investimentos em infraestrutura. Porém, muitas de suas linhas de ação são contrárias aos anseios de mais liberdade econômica e produtiva do agronegócio brasileiro. A retomada da TJLP (taxa de juros de longo prazo) no lugar da TLP, o estabelecimento de uma meta para taxa de desemprego e a recriação do fundo soberano para impedir as oscilações excessivas da taxa de câmbio em função dos ciclos de commodities, são exemplos de pautas que podem ser malvistas pelo agro. O presidenciável vem de tradição ligada à esquerda que governou o Brasil por treze anos e isso assusta uma grande parte dos produtores rurais.
Fernando Haddad: por sua vez não tem nenhuma simpatia do grande agronegócio. Uma das bandeiras defendidas pela chapa petista é a convocação de uma nova Assembleia Nacional Constituinte para garantir a reforma política. Em relação especificamente ao agro, estão propostas como a recriação do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Ministério da Aquicultura e Pesca, e o redesenho dos Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente. Propostas temidas pelas entidades do agro já que traz divisão nas decisões relativas aos principais temas de interesse do campo. A regulação do grande agronegócio; um programa de redução do uso de agroquímicos e a regularização fundiária dos territórios tradicionais e historicamente ocupados além do reconhecimento e demarcação das terras indígenas, são outros temas que afastam o candidato dos produtores. Desta forma, a relação do PT, partido do candidato, com o rural está mais próxima dos pequenos agricultores, especialmente aqueles produtores de subsistência, que precisam de políticas públicas específicas e assistenciais para garantir sua sustentabilidade e desenvolvimento. Este público do campo deve manter seu voto no partido.
Geraldo Alckmin: tem a senadora Ana Amélia Lemos, como sua vice na chapa, conhecida por defender as pautas agrícolas no legislativo, durante seu mandato de Senadora pelo estado do Rio Grande do Sul. O tucano defende a segurança jurídica por meio da desburocratização de processos, simplificação de regras e despolitização de agências reguladoras como uma de suas bandeiras que agrada o setor agrícola. Outra promessa de campanha que vai de encontro a uma pauta antiga do setor é a de transformação do Plano Safra em um plano plurianual para dar previsibilidade às regras da política agrícola. A garantia da paz e da segurança jurídica no campo e a consolidação dos programas de seguro agrícola e rural também está no plano do candidato e desperta a simpatia dos agricultores. Na questão ambiental, Alckmin promete ser firme e técnico, evitando a politização e a visão de curto prazo que geralmente pautam os debates ambientais. Em suma, o PSDB traz a confiança do mercado internacional e isso, de certa forma, pode atrair o setor agrícola. Todavia o PSDB, apesar de ter o apoio de grande parte dos partidos que tem força no Congresso Nacional, o conhecido “centrão”, está no subconsciente da população que o tucano é mais do mesmo e isto o afasta das urnas.
Jair Bolsonaro: parece ser o queridinho da vez do agronegócio. O campo se identifica com as propostas do candidato que vem de carreira militar trazendo um ar de disciplina e ordem em sua candidatura. Talvez pelo conservadorismo de ambos. De qualquer forma, uma das bandeiras defendidas por Bolsonaro que mais agrada os produtores é o porte de arma de fogo para cidadãos comuns e a tipificação da invasão de propriedade privada como terrorismo. O produtor se sente desassistido pela segurança pública no campo e tem o sentimento de necessidade de poder defender sua casa e sua família. A insegurança na área rural tem sido uma pauta antiga do setor produtivo. Outra proposta é a implementação dos princípios liberais na economia brasileira, com redução do aparelhamento do Estado, privatização de empresas estatais e reformas tributária e previdenciária. Para o setor rural, seu plano de governo também pontua a necessidade de solução para a questão agrária, investimentos em logística de transporte e armazenamento, políticas específicas para consolidar e abrir novos mercados externos e uma só porta para atender as demandas do Agro e do setor rural. Por último vale ressaltar que o chamado “mito” por alguns eleitores ganhou o ar de herói para outros após ter sofrido o atentado que quase o tirou a vida. O incidente comoveu ainda mais seus eleitores!
Marina Silva: também não deve ganhar muitos votos vindos da agropecuária. A ex-ministra do Meio Ambiente já teve grandes embates no passado com as associações, cooperativas, sindicatos e federações representativas do setor. Todavia os anos deixaram Marina mais madura e maleável politicamente. Em seus últimos discursos, meio ambiente e agronegócio não aparecem mais como conceitos antagônicos e começam a se tornar complementares em alguns pontos. No entanto o produtor, que já enfrenta a legislação ambiental mais rígida do mundo em alguns aspectos, ainda não se sente seguro com ela no poder. Dentre seus pilares que impactam o setor agrícola estão a retomada do processo de criação das Unidades de Conservação e Uso Sustentável. Marina propõem também um sistema de compensação financeira para as comunidades tradicionais que promoverem a conservação. A criação de políticas voltadas para a promoção do bem-estar animal e uma estratégia de longo prazo de descarbonização da economia, com emissão líquida zero de gases de efeito estufa até 2050. Muitos destes conceitos já são defendidos e trabalhados no agronegócio brasileiro, o campo é o que mais preserva mata nativa segundo a Embrapa. Porém Marina não conseguiu ainda ganhar a confiança do produtor.
E você já sabe em quem vai votar?
Mesmo ainda não tendo o seu voto certo, uma coisa é fato: a disputa esse ano tende a ser acirrada e polarizada, tendo grandes chances de ter candidatos com ideais extremamente opostas em um segundo turno
O texto foi apenas um breve resumo de pontos estratégicos dos planos de governo dos principais candidatos a presidência da república em 2018 correlacionados com os principais anseios do agro. Esperamos ter despertado em você a curiosidade de conhecer cada proposta dos presidenciáveis… e lembre-se, é fundamental para o nosso país escolher pessoas que pensem não só em si e nos seus interesses próprios, mas no bem comum.
Boa sorte ao Brasil e prosperidade a todos!