Desde o início do governo Lula, o agro tem esperado posicionamentos claros e firmes do presidente e sua equipe de governo em relação a segurança jurídica para o agronegócio. O temor da volta das invasões sempre existiu e se confirmou nos primeiros meses de governo, sem, porém, vir acompanhado de falas e declarações oficiais do presidente e de seus ministros Paulo Teixeira e Carlos Fávaro.
Diante desta falta de posicionamento rápido, claro e firme contra os movimentos invasores por parte do Executivo, o Legislativo mais uma vez foi protagonista, com a bancada ruralista fazendo um amplo movimento de mídia alertando para a ilegalidade das invasões e provocando uma adesão da sociedade e veículos de imprensa à sua necessidade, um posicionamento do governo Executivo federal contra a invasão de propriedades privadas e empresas públicas de pesquisa.
Os ministros só se manifestaram publicamente sobre o assunto quando questionados e ambos foram chamados a conversar com os parlamentares na Comissão de Agricultura da Câmara para esclarecer suas posições. Ocasião em que afirmaram serem contrários e justificaram que estavam em contato com os movimentos para que se retirassem das propriedades.
As falas e atitudes não convenceram o setor agropecuário que, por meio de suas entidades representativas soltaram notas à imprensa e fizeram movimentos políticos em seus estados para garantirem a segurança de suas propriedades e receberam amplo apoio de grande parte de seus governadores. Resultado, a falta de posição clara do governo executivo em coibir as invasões de propriedades privadas fortaleceu o parlamento e as entidade do agro, que conseguiram pressionar por uma CPMI que aguarda instalação e que deve incomodar o Executivo e atrapalhar a votação de medidas que realmente interessam ao governo.
Cabe, porém, destacar a força destes movimentos de invasão junto ao Executivo federal e de alguns estados, uma vez que, por serem apoiadores políticos, estão sendo ouvidos e atendidos com pacotes de reforma agrária e negociando cargos e nomeações em conselhos e órgãos atrelados ao governo. Ainda não está claro quem terá mais força na CPMI e no desfecho das reformas agrárias, mais algo que não pode ser mais negligenciado pelo setor agropecuário é o fato de que, para ter força política de oposição nesse caso, as entidades representativas e produtores precisam dar amplo apoio político e de imprensa para que os parlamentares que representam o setor tenham força e embasamento para agir conforme seus anseios.
Ana Paula Cenci Vidal – Diretora de Relações Institucionais da ImPlantar Assessoria Institucional