O Plano Safra ainda é a principal ferramenta de crédito e impulsionamento do nosso agronegócio.
Lançado em 2003, o programa determina, anualmente, o volume de recursos e as taxas de juros que o sistema bancário deverá operar para o setor agropecuário por meio de linhas de crédito específicas para custeio, investimento, comercialização, armazenagem e sustentabilidade.
Ao longo dos nossos 10 anos trabalhando em entidades nacionais representantes de diferentes setores do agronegócio pudemos acompanhar a evolução no volume de recursos e no detalhamento das linhas de crédito para que atendam de forma cada vez mais eficiente os diferentes tipos de produtores e as demandas do consumidor dos nossos produtos agro.
A maioria dos produtores espera, anualmente, ansiosa esse Plano Safra para definir sua compra de maquinários e investimentos na fazenda, ou simplesmente para dar continuidade ao financiamento da sua atividade da porteira. Porém, essa mesma maioria desconhece todo o trabalho das autoridades envolvidas na construção desse plano, e, especialmente das equipes técnicas das associações, sindicatos, federações e órgãos do executivo que se debruçam em cálculos e debates para definir as taxas e volumes apresentados anualmente.
É nesse bastidor que o trabalho de relações governamentais é feito. Ele geralmente começa no mês de março com a preparação dos dados e argumentos do setor produtivo que serão levados para o governo e conversas com as equipes técnicas das entidades a fim de que elas apresentem para nós os dados que serão essenciais e bem utilizados pelo governo. Na sequência, com esses números construídos é a hora de encaminhar eles ao Ministério da Agricultura e Pecuária e iniciar as conversas e diversas reuniões com a equipe técnica da Secretaria de Política Agrícola, além de debater e levar esses mesmos argumentos para entidades parceiras e parlamentares que tenham interesse no mesmo setor.
Toda essa base formada e informada desencadeia uma série de novas reuniões, que vão desde meados de maio a junho, com as autoridades do Ministério da Fazenda e Agricultura. Agora é a vez dos diversos arranjos possíveis: cálculos e mais cálculos são feitos, e os representantes do setor vão trabalhar, defendendo para o Tesouro Nacional a influência do agro na economia do país e de seus municípios a fim de que os economistas entendam e definam juros e recursos suficientes para atender o maior número possível de produtores.
É uma equação difícil, delicada e que nunca agrada a todos, pois o nosso agro é diverso em tamanhos e realidades e nossa economia extremamente comprometida com endividamentos e investimentos em outras áreas.
Mas a verdade é uma só: é um trabalho que exige dedicação e atenção das principais entidades setoriais do agro, anualmente no primeiro semestre. Já o resultado não necessariamente é 100 % satisfatório, afinal contemplar todos pleitos do setor nem sempre é possível e por isso que o trabalho deve continuar no ano sequente.
Assim presenciamos de camarote o “palco” e os “bastidores” do tradicional e esperado Plano Safra!